quinta-feira, 4 de setembro de 2008

BAILE À FANTASIA

Romeu estupra a moda e contraria o modernismo exagerado. Difícil de responder esta pergunta: quem acredita atualmente na fidelidade dos maridos? Afirmativamente é difícil crer, mas fácil de ter como verdadeiro o oposto.
Entretanto, se o marido fosse Romeu, sem quaisquer dúvidas poderia dar-lhe crédito, porque era o símbolo da honestidade, tão em desuso hoje. Levou muito a sério o compromisso matrimonial exposto à comunidade nas cerimônias do casamento: “... na alegria e na tristeza, na saúde e na doença até que a morte os separe”.
Certa vez, já na época modernista do“casa descasa, ajunta e separa”, ocorreu um episódio bem interessante, fora de moda é verdade, mas bem ao estilo do romântico Romeu.
O jovem casal foi convidado para uma festa à fantasia. Na noite do evento, a esposa foi acometida de uma terrível dor de cabeça. Então disse ao marido que fosse sozinho. Embora ele gostasse de estar sempre acompanhado da esposa, resolveu ir desacompanhado, porque se tratava de uma promoção meritória de um grupo de amigos. Assim, pegou a fantasia, despediu-se da esposa com um beijo, como de costume, e foi. A mulher após acordar de um leve momento de sono, percebeu haver passado a dor de cabeça e, como ainda desse tempo, decidiu ir também à festa com a idéia mais intencional de espreitar o marido do que se divertir, pois tinha certeza de que ele ignorava o estilo da sua fantasia.
Chegou à festa e logo deparou com o esposo fantasiado no salão, dançando com uma linda mulher, beijando aqui, passando a mão ali, entreolhando-se com olhos de peixe morto... Ela, matreiramente, foi se achegando como quem não quisesse nada, jogando beijinhos e mostrando olhares maliciosos até que... conquistou, tirando-o dos braços da desafeto, não sem antes se entregar totalmente a ele. Ela deixou-o ir até onde quis com sensualidade, as mãos e a intenção, afinal era seu marido, pensou...
Ele sussurrou uma esperada proposta em seu ouvido que, prontamente foi aceita: estava de prontidão a armadilha na sua mente. Só faltava cair a presa, e ela o desmascarar. Foram para o carro e lá “ficaram” na linguagem moderna, sem retirarem as máscaras, de acordo com a avença. Assim que terminou a “coisa”, ela pediu desculpas ao deixá-lo de imediato e foi embora, e... pelo caminho imaginando: que sem vergonha!, homem sem caráter!, todos eles são iguais!... que desculpa vai dar sobre seu comportamento na festa quando chegar em casa? Vou desmascará-lo, pegar minhas trouxas e ir embora de lá; vou para a casa da minha mãe. E... assim foi matutando até chegar, deitar-se e pegar algo para ler até o regresso do marido.
Quando ele regressou, ela de livro na mão se pôs de pé e, com a cara mais dissimulada do mundo, perguntou-lhe: como foi a festa, meu bem?
– Ah, a mesma coisa de sempre, não é?... Você sabe que eu nunca me divirto sem você ao meu lado, entende meu anjo?
– Mas, você não dançou com ninguém? Nem sozinho, meu bem?
– Com ninguém e nem sozinho, você me conhece, meu anjo! Encontrei lá os meus amigos Zé Ícaro, Leontra e Folclorino e na cozinha resolvemos bater papo, contar piadas e jogar cartas e assim passamos o tempo todo; você conhece como é o Folclorino... ao lado dele todos se divertem. Mas, vou lhe revelar um fato curioso: um colega de Folclorino não levou fantasia, e como já havia decidido não usar a minha, a emprestei a ele. Você precisava ver como estava esfusiante no fim da festa, alardeou para todos nós haver tirado o maior proveito da vida com uma mulher incrível!!!
Se ela revelou ao marido quem era a mulher inacreditável, ninguém soube; porém nunca mais duvidou da fidelidade de um esposo romântico. Marido fiel?... É uma espécie em extinção!

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