terça-feira, 26 de agosto de 2008

Domínio Atrativo

Aos amigos para colaborar comigo, lendo esta crônica; crónica? Não sei, mas tentei enquadrar o texto como tal.
DOMÍNIO ATRATIVO

Uma cidade grande do interior paulista foi berço na década de oitenta de uma família nascida sob o signo da atração. O venturoso casal já carregava – cada par – uma força estranha dentro de si capaz de remover montanhas. Analisando a bola da vez carregada na força da atração apregoada pelo best seller “O Segredo” poderia aqui propor tratar-se de pessoas paranormais com poder mental capaz de entortar cabo de garfo como o famoso exibidor circense Uri Gueller. Não. São pessoas normais como qualquer cidadão brasileiro. Gente comum, extraída do povo simples da roça, porém com bastante força de vontade na lida, visando um horizonte com objetivos firmes de progresso. No início da vida a dois já portavam um cérebro privilegiado e uma memória RAN de computador.
Discutiam e digladiavam desde os mais simples assuntos ao decorar uma placa de carro até os mais intrincados conceitos sócios econômicos como o mercado de capitais. Ao lado desta vida prática, comungavam os princípios religiosos cristãos. Dotavam assim o intelecto de conhecimentos externos e físicos com os internos e espirituais. Diria até que exercitavam noções cósmicas de forças estelares como também de estranhas idéias mentais oriundas dos princípios Aristotelianos – “faculdade de intuir os fins últimos da ação humana, inapreensíveis pelo conhecimento discursivo”.
Com estes princípios diferentes da maioria adotaram a máxima de que os iguais ficam parados no tempo e os diferentes seguem em frente, idéia semelhante a que fala uma música popular: “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.
A princípio, Maicro, sujeito forte e robusto com seus 1m95 de altura e 120 quilos de peso adotando a idéia das diferenças procurou uma companheira franzina e raquítica. O namoro foi uma experiência para a união em casamento, algo já em decadência naquela ocasião. Costume arraigado deste vínculo se dar por pessoas parentes, amigas, Zorat, uma desconhecida de complexões miúdas, nariz afilado, olhos oblíquos e testa larga foi o tipo caído nos agrados de Maicro. Trabalharam na mesma empresa, ele gerente e ela serviçal e de lá saíram casados com o primeiro rebento completando a família. Filho e pais diferentes no viver e no comportar. Keye nasceu como qualquer outra criança, mas se desenvolveu forte e rijo como um molecão.
Desenvolveram a vida de trabalho calcado nas idéias esquisitas de não copiar nada de ninguém, mas discutir idéias. Neste sentido, o pai advertia o filho, desde os bancos escolares, levar uma vida estudantil profícua, aproveitando as folgas de recreio para colocar as matérias em dia. Simples, não? Mas, veja de onde partiu todo o sucesso alcançado hoje.
Colocando, assim, o intelecto de conhecimentos externos e físicos Maicro começou exercitar influências cósmicas de forças galácticas, observando o pensamento de Issac Newton e depois de ver a beleza do universo mostrada através das imagens do Telescópio Hubbler, com galáxias distante até dezenas de milhares anos luz da terra e saber que tudo isto continua em expansão contínua, infinitamente. Observou que o cientista autor da “Lei da Ação e Reação”, ou simplesmente da gravidade disse certa vez extasiado:
“Esta noite deixei-me absorver pela meditação sobre a natureza celeste. Eu admirava o número, a disposição e o curso daqueles globos infinitos. Entretanto, eu admirava ainda mais a inteligência infinita que preside este vasto mecanismo. Eu dizia a mim mesmo ... É preciso que sejamos bem cegos para não ficarmos extasiados com tal espetáculo, tolos e ingênuos para não reconhecermos seu Autor e loucos para não adorá-Lo.”
Com idéias encaixadas e disposição de lutador Maicro avançou para a vanguarda com a bravura do leão e a mansidão do carneiro, duas armas antitéticas, mas igualmente eficientes a serem usadas nos momentos oportunos. Zorat recuou na retaguarda, dando suporte ao marido em todas as estratégias, previamente elaboradas. Enquanto isto Keye ia crescendo e se desenvolvendo na filosofia do “ser diferente”.
Enquanto muitos consultavam os compêndios econômicos baseados no consenso de Washington a família trabalhava unida em equipe com pés fincados no chão e cabeça concentrada no universo com base na diversidade dos seres.
Intrigado com a empregada doméstica, há 10 anos prestando serviços à família o garoto questionou o pai:
– Por que nossa empregada é ignorante e teimosa? Ela esqueceu ontem a receita daquele bolo tão gostoso! Peço para abrir a janela, ela abre a porta; mando-a lavar o cachorro, serve a ração. Você já explicou várias vezes a ela a lei das certezas: quem entra sai, quem abre fecha, quem acende apaga, não? Sim Filhão – é assim que Maicro tratava seu molecão – o papai age com ela da mesma forma como tem ensinado você. Confrontar vocês é fácil encontrar as diferenças. Se você fosse igual seria empregado; se ela fosse diferente poderia ser empregadora.
Passaram-se os tempos, percorreram os espaços, tempos e espaços distintos; dentro e fora do sistema sócio-econômico, aqui e acolá como tico-tico no fubá. Maicro ao se ausentar da família para compromissos profissionais de longo prazo adotava a premissa das duas proposições silogísticas de que poderia voltar mais rico ou mais pobre, porém sequer pensava na segunda hipótese. Se a minha saudosa ausência fizer morada na família, procure no coração e aí me encontrarão. Partia repleto de pensamentos na cabeça, cheio de vozes estelares e abundantes cifrões nos olhares. A cabeça ficava, às vezes no mundo da lua, ora na morada dos deuses para captar as vozes das estrelas e falar com mundos distantes; a visão infiltrada no mais profundo do Ser objetivo e encontrar a riqueza. Zorat, cuidando da família, sempre em contato com o marido administrava tudo, juntando bens patrimoniais e elevando Bens espirituais. Diferente do princípio evangélico de que “quem dá aos pobres empresta a Deus”, a esposa de Maicro não entregava aos pobres o que recebia de Deus. Mancomunada com os políticos mais influentes tramava as mais altas falcatruas nas licitações, deixando de executar serviços em obras contratadas, utilizando em proveito próprio recursos de programas sociais. A sua Organização Não Governamental, preparada para funcionar com apoio aos desempregados, na verdade condenava os trabalhadores. De embuste em ludibrio e de logro em fraude, aumentou a diferença da renda nacional: rico cada vez mais opulento e pobre mais miserável. Pura hipocrisia!. Tanto se misturou ao meio que chegou a deputada com objetivo único e exclusivo de posses. Keye, aliado aos pais e no princípio da diferenciação, inverteu todos os conceitos da ética, da moral e dos bons costumes. Eticamente violentou a filosofia, moralmente estuprou a família e habitualmente menstruou as peculiaridades humanas. Com muito dinheiro para gastar fundou entidade contestadora do fim último da pessoa humana, retirou Deus da vida na terra e trocou os conceitos do bem e do mal. Destruiu a célula da sociedade nas famílias incautas com prazeres instantâneos, através de falsas promessas. Mancharam de sangue todas as vidas passadas pela sua organização diabólica, a Igreja Infernal “Cruz de Caravaca”. Atraídos por esta igreja multidões devassas fizeram de Keye um ídolo às avessas com status divinos.
Riqueza, posses e status são tudo o que os diferentes almejam e nada que os iguais alcançam, pois quem sou faz a diferença.

Um comentário:

Anônimo disse...

Azevedo; li, reli e treli seu texto. Não consigo classificá-lo.
Grifei todo o texto que imprimi, cirulei palavras, trechos. Espossei comentários, mas prefiro conversar com você pessoalmente ou via telefone. Nunca expus nada meu na INTERN, acho que é se expor em demasia. Respeito as pessoas que tem oipinião diferente. "Prá não dizer que não falei das flores" - ... memória RAN, ... só pode ser de computador. Um abraçãaaaoooooooo! do mano Nelson